Fazia alguma horas que tinha acabado de deitar-me, quando o Capitão Maia entrou berrando no alojamento para que todos se aprontassem e estivessem em forma rapidamente no pátio da brigada. Há pouco tempo havia sido baleado quase que mortalmente e não estava totalmente curado. Sendo suficiente para carregar um fuzil, então estava tudo ótimo.
Entramos em formação, ouvimos as intruções, pegamos nossos armamentos e estávamos partindo. O Capitão havia nos separado em duplas nas motocicletas e deveríamos seguir para um local conhecido como Segundo Marco. Lá, inimigos tentavam tomar esse ponto estratégico e nós, bem, nós éramos a cavalaria. Éramos o 4° pelotão de infantaria motorizada e armamento pesado e formado por 12 homens, cada qual especialista em um tipo de armamento ou técnica. Eu, além de intéprete, era o (sapador), desarmando minas e manuseando armamentos pesados.
Fui na motocicleta com um Soldado Haro, franco-atirador. Tínhamos gênios parecidos, o que fazia com que nos déssemos bem. Dispensa dizer o quanto a viagem foi exaustiva e deixou em pedaços minha bunda militar. Estava rezando para que só tívessemos que atirar deitados, pois de outra forma eu não conseguiria. A guerra tem dessas coisas mesmo.
SEGUNDO MARCO - DIA 01
Assim que chegamos, percebemos que aquilo não seria nem de longe, fácil. Os tiros eram incessantes e o Segundo Marco estava caindo. Corremos para nossos postos e nos protegemos, era o início de um dia bem duro. Em uma tentativa de armar uma armadilha com granadas, por ainda estar ferido, nao consegui ser tão rápido e acabei sendo alvejado mais uma vez. Esqueci o quanto aquilo doia. Mas foi de raspão, nada grave. Durante todo o dia, fomos atacados de todos os lados, mas uma missão dada é uma missão cumprida e não perderíamos aquele posto!
SEGUNDO MARCO - DIA 02
Durante a noite do dia 01 os tiros cessaram e assim permaneceram durante quase todo o dia seguinte. Certamente estava errado alguma coisa, pois a calmaria não era normal. O inimigo havia se retirado? Não, não creio. Já estava me sentindo melhor do segundo tiro que havia recebido e resolvi fazer uma busca pelos arredores. Nem sinal do inimigo. Fiquei mais apreensivo ainda. Aquilo certamente não era normal. Havia vestígios de que estiveram há algumas horas ali, como pegadas e cinzas de uma fogueira. Prestando bastante atenção, voltei para o nosso acampamento. Ou pelo menos tentei. Recebi um tiro certeiro que por pouco não me matou instantaneamente. Sai cambaleando e me escondi atrás de uma pequena murada. Sangrava muito, mas não era hora pra morrer, não ali. Sempre esqueço o quanto isso dói e dói muito! O Sangue escorria do meu ombro pelo meu braço, banhando o fuzil por completo. Teria que dar de vez um fim nisso, era o maldito atirador de elite ou eu! Mas o sangue só escorria mais e mais...
Aqui escreveu o Soldado Soares
sábado, 15 de dezembro de 2007
MEDO E HONRA
Postado por
Stuart (Marcelo)
às
9:34 AM
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